Cursos sequenciais X Cursos de graduação tecnológica X Cursos técnicos
Data: | Tue, 8 Apr 2008 11:18:26 -0300 [11:18:26 BRT] |
De: | Marcelo Duduchi <mduduchi@terra.com.br> |
Para: | sbc-l@sbc.org.br |
Cc: | degt6-l@sbc.org.br, 'Edson Norberto Caceres' <edson@dct.ufms.br> |
Assunto: | [Sbc-l] Cursos sequenciais, cursos de graduaç ão tecnológica, cursos técnicos e a SBC em resposta a " curso técnico..." |
Parte(s): | Baixar todos anexos (em arquivo .zip) |
Cabeçalhos: | Exibir Todos os Cabeçalhos | Exibir Informações da Lista de Discussão |
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Caros Colegas, Peço desculpas antecipadas pelo tamanho da mensagem, mas achei que era necessária, pois é importante que não exista confusão entre cursos técnicos, cursos tecnológicos e cursos seqüenciais. Também acredito ser o momento de ressaltar a importância do papel a desempenhar por nós da SBC frente a estes cursos. Ficam aqui então, algumas muitas linhas sobre o assunto para os interessados concordarem e discordarem a fim de provocar um debate sadio. Em primeiro lugar os cursos tecnológicos são cursos superiores de graduação. Os cursos seqüenciais são cursos superiores, porém não são de graduação e os cursos técnicos são de nível médio profissionalizante. Os cursos seqüenciais são cursos que funcionam como um recorte dos cursos de graduação. Apesar de serem de nível superior não oferecem oportunidade aos alunos formados nestes realizarem mestrado e doutorado já que são cursos menores e não oferecem uma graduação. Esta modalidade de curso só pode ser desenvolvida por escolas que já tenham bacharelado na área. Durante alguns anos logo após a sua criação como modalidade pelo MEC foram bastante cotados, mas hoje em dia diminuíram muito a ponto de não termos representantes destes nas discussões da lista do GT6 e nas reuniões que acontecem no CSBC nos últimos três anos. Vejam maiores informações sobre os seqüenciais em: - Resolução CNE/CES nº 1/1999, de 27 de janeiro de 1999 que dispõe sobre os cursos seqüenciais de educação superior, nos termos do art. 44 da Lei 9.394/96: http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/Resolucoes/ces0199.pdf - Portaria MEC nº 4.363/2004, de 29 de dezembro de 2004. Dispõe sobre a autorização e reconhecimento de cursos seqüenciais da educação superior: http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/portarias/portaria4363-04sequenci ais.pdf Os cursos Tecnológicos são cursos superiores de graduação que possuem em seu projeto pedagógico todos os elementos para uma formação profissionalizante completa dentro de uma linha específica de conhecimento mais densa do que os seqüenciais. Os cursos tecnológicos têm como principal objetivo principal formar profissionais para o mercado de trabalho apesar de permitir aos formandos, segundo a própria legislação, o ingresso em cursos de mestrado e doutorado desde que obedecidas especificidades de cada programa. Diga-se de passagem, um programa de mestrado e doutorado até pode recusar um tecnólogo em seu quadro de alunos. Mas isto deve ser feito por conta de critérios próprios e não por conta da legislação vigente que diz que o Tecnólogo pode seguir estudos em programas de mestrado e doutorado. Para quem discorda consulte a própria LDB e os pareceres CNE/CES Nº 436/2001 e CNE/CP Nº 29/2002 (pags. 53 a 72 e 73 a 123) que podem ser acessados em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/legisla05.pdf Concordo com aqueles que dizem que os bacharelados também são em última análise profissionalizantes. O que diferencia os cursos tecnológicos dos de bacharelado e engenharia (Ciência da Computação, Engenharia da Computação e Sistemas de Informação) é que os tecnológicos não apresentam a formação generalista que estes geralmente apresentam e sim específica e, em geral, têm carga horária inferior considerando o mínimo de 2000 horas da legislação vigente sem contar estágio profissional e trabalho de conclusão (pessoalmente preferia que fossem no mínimo 2400). Os cursos de bacharelado e engenharia em computação possuem na legislação vigente a indicação de um mínimo de 3000 horas (a SBC uma vez já se pronunciou solicitando o aumento para 3200 horas). Se quiserem consultem a carta em: http://www.sbc.org.br/index.php?language=1 <http://www.sbc.org.br/index.php?language=1&subject=28&content=downloads&id= 178> &subject=28&content=downloads&id=178 Conheço cursos como o de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) e Tecnologia em Materiais, Processos e componentes eletrônicos (MPCE) da FATEC-SP no CEETEPS que possuem praticamente 3000 horas. Que eu saiba, a legislação fala em carga horária mínima e não máxima embora indique a idéia de os cursos tecnológicos terem menor duração que os bacharelados. Pessoalmente não vejo problema algum em cursos tecnológicos terem carga horária maior do que a mínima e acho até que deveríamos encorajá-los desde que não sejam de formação generalista e sim de formação específica. Conhecimento nunca é demais. Para se ter uma idéia o curso de Tecnologia em MPCE citado acima tem todo semestre em seus quadros de formandos diversos alunos que vão direto para cursos de mestrado e até doutorado em escolas públicas de excelente reputação que recebem estes alunos sem preconceito em seus programas, dentro de suas especificidades. Em contrapartida alguns outros programas demonstram preconceitos à formação tecnológica. É certo que já vi de tudo por ai também. Tem muita escola criando curso de tecnologia de baixa qualidade só por ter possibilidade de ter carga horária menor e não porque tem demanda por tais cursos. Vi até escolas colocando cursos de tecnologia em informática na área de gestão que permite uma carga horária mais baixa (1600 horas). Entretanto, esta não é a regra e estes cursos não devem ser tomados como base para entendermos a dinâmica dos cursos de tecnologia. Na verdade a SBC deveria inclusive combater estes maus exemplos, pois existem muitos cursos bons por ai que são prejudicados em sua imagem por conta deles. Vamos aos cursos técnicos. Apesar de sofrerem modificações na legislação recentemente, são cursos para aqueles alunos que estão finalizando o curso de nível médio e não buscam uma formação superior, mas pretendem ingressar no mercado de trabalho como profissionais da área em nível médio. Eles oferecem uma formação mais simples que os cursos de tecnologia e são, portanto, considerados de nível médio como uma complementação profissionalizante. Já ouvi muita gente considerar cursos técnicos e tecnológicos a mesma coisa, mas na verdade estão redondamente enganados. A legislação para cursos técnicos é diferente da legislação dos cursos tecnológicos embora ambos sejam cursos profissionalizantes. Os propósitos são diferentes, as diretrizes são diferentes, o catálogo de cursos é diferente e o histórico de criação e trajetória é diferente. Quem quiser conhecer mais sobre os cursos técnicos e sobre os cursos tecnológicos visite o site do MEC na área relacionada ao ensino profissionalizante e verá que estes são muito distintos tendo objetivos diferentes: http://portal.mec.gov.br/setec/ Aliás, fica aqui a indicação de três links específicos do site citado acima como fonte de pesquisa para o Hylson Vescovi Netto que permitiu o inicio desta discussão. O link apresenta os referenciais curriculares específicos para cursos técnicos de informática e os links de parecer e resolução das diretrizes curriculares para esta modalidade de cursos: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/informat.pdf http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/ceb016.pdf http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/ceb0499.pdf Para aqueles que tiveram paciência de me ouvir até aqui (sei que muitos desinteressados desistiram no meio do caminho), gostaria de atualizar as informações quanto ao grupo GT6 que atualmente trata dos cursos seqüenciais e tecnológicos (hoje mais focado nos tecnológicos já que não temos a tempos contribuição de ninguém na área de seqüenciais). Em 2006 e no último congresso as metas foram redefinidas com base na mudança de cenário dos cursos tecnológicos. Resumindo (o documento completo foi passado na lista do GT6 logo ao final do congresso de 2007 e apresentado na plenária do WEI2007) as metas ficaram assim definidas: *Articulação para um painel sobre os cursos de graduação tecnológica em computação no WEI em 2008 envolvendo: - Diretrizes curriculares de cursos tecnológicos; - Catálogo de cursos de tecnologia em computação; - Avaliação de cursos de tecnologia em computação; *Articulação com GT1-GT2 e GT4-GT8 para: - Diretrizes específicas para cursos de tecnologia em computação; - Currículo de Referência da SBC; - ENADE; *Solicitar a participação da SBC como entidade em fóruns e eventos nacionais voltados para a educação profissional e tecnológica; *Conquistar maior espaço nos veículos de comunicação da SBC para os cursos de graduação tecnológica; *Viabilizar a realização de um evento específico voltado para a graduação tecnológica em computação; Volto a frisar que as metas acima também foram apresentadas na plenária do WEI2007 juntamente com uma série de outras informações sobre o grupo. Além disto, enviei um email no final do ano passado como coordenador do GT6 para convidarmos dois palestrantes do SETEC num painel durante o WEI conforme nossas metas. Não recebi mais informações se a idéia foi para frente. Volto então a falar que tal atividade seria super importante para a comunidade. Em conversas com alguns dos integrantes do GT6 atuais e antigos (que não freqüentam mais infelizmente) percebo certo desânimo. As manifestações durante as reuniões do GT6 são de que o grupo não é ouvido. Sempre falei que isto não era verdade, mas de vez em quando tenho que dar mão à palmatória. Por mais que as manifestações sejam a favor de uma maior atenção aos cursos tecnológicos acabamos na SBC por não concretizar ações que correspondam a esta fala. É lógico que é sempre bom ressaltar o que há de positivo. Uma ação positiva que vi este ano foi, na semana passada, receber email de um organizador do CQ sobre incluir algo do Enade dos cursos tecnológicos. Se isto se concretizar será ótimo. Enfim, é importante pensarmos também nos cursos técnicos. A tradição destes cursos é muito grande (talvez tanta ou maior que a dos de graduação no Brasil) e eles são de grande importância para a área. É possível também que a maioria dos profissionais em informática no país seja formada em nível técnico e não nos cursos de graduação (pelo menos aqui em São Paulo, pela quantidade de cursos técnicos, acredito que isto possa ser verdade). Não sei se o fórum correto deve ser o GT6 reformulando-o como um grupo de discussão sobre o ensino profissionalizante (conforme já disse é estranho falar que os bacharelados também não o são) ou se esta discussão deve ser em separado dos cursos tecnológicos, dada a diferença entre objetivos e o momento pelos quais passam os cursos. Talvez possamos pensar em um grupo para tratar das questões relacionadas ao ensino de computação no ensino fundamental e médio, incluindo a educação técnica profissionalizante. Peço desculpas novamente pelo tamanho da mensagem, mas julguei ser importante para provocar o debate sadio e proveitoso sobre o assunto. Conto com vocês para a correção de informações se necessárias, o debate de idéias e a maior atenção a estas modalidades de cursos. [ ]s, Marcelo Duduchi. -------------------------------------------------------------- Prof. Dr. Marcelo Duduchi Faculdade de Tecnologia de São Paulo - FATEC/SP Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETEPS Programa de Mestrado em Tecnologia: Gestão, Desenvolvimento e Formação Tecnologia de Informação Aplicada Rua dos Bandeirantes, 169 – Bom Retiro CEP 01124-010 – São Paulo – SP -------------------------------------------------------------- |